A mãe do adolescente Luis Felipe, de 15 anos, morto na madrugada desta quinta-feira (20) por um policial militar após um assalto a um posto de combustíveis em Varginha (MG) disse que o menino era usuário de drogas desde os 12 anos de idade. O garoto morreu depois de ser atingido com um tiro nas costas durante a perseguição da polícia. Um outro menor e um rapaz maior de idade foram detidos e levados para a delegacia. Clique em Leia Mais e confira notícia completa

“Eu conversava com ele, ontem mesmo, fui na casa da minha mãe à noite ver ele. Falei para ele ir lá pra casa e ele falou que não iria. Ele fazia essas coisas, não tinha juízo, mas não usava armas. Era influência de amigos, companheiros. Se queria que ele parasse, por que então não atirou na perna dele? Não precisava matar meu filho, atirar pelas costas”, disse a mãe Patrícia Silvia Ribeiro.

O tiro disparado atingiu o pulmão do jovem. A certão de óbito apontou que ele morreu por insuficiência respiratória pelo ferimento causado pela arma de fogo. A polícia disse que atirou depois que o jovem fez um movimento que parecia que estava armado.

“Ele atirou em direção a ele devido ao movimento do indivíduo que estava em fuga e diante da notícia de que ele estava armado. Houve uma presunção de que ele estaria se voltando contra os militares para atirar. Por isso é que foi feito esse disparo de forma defensiva”, disse o advogado dos policiais, Valmir Sidnei de Carvalho.

Os dois policiais que participaram da ação estão detidos no batalhão da PM, à disposição da Justiça. Luis Felipe tinha 10 passagens pela polícia, a maioria por participação em roubos e furtos. Mesmo assim, nunca tinha sido internado em um centro de ressocialização para menores. Dos delitos cometidos por ele, apenas um se transformou em processo penal.

Segundo o juiz da Vara da Infância e Juventude de Varginha, Wágner Aristides Machado da Silva Pereira, o município já deveria ter um centro de recuperação para menores infratores.

“Cria-se aquela falsa impunidade. Ah, o juiz deu aquela sentença, isso não vale nada, eu sou menor, não vou ficar preso, não vou ser apreendido, não vou cumprir nada e simplesmente dizem que não vão cumprir. E nós ficamos limitados porque o Estado não tem uma força coercitiva. Não adianta você ter um remédio para aplicar se falta um elemento químico que vai fazer o corpo ser curado. Esse elemento que falta para a sociedade é um centro de internação que já passou da hora de ter em Varginha. São questões políticas, orçamentárias, nós sabemos, mas a sociedade sofre muito mais, as perdas são muito maiores porque é como uma bola de neve, um novelo de lã que se embaraça e não ha como desembaraçar depois”, diz o juiz.

“Agora acabou, não tem mais ele, esse vazio vai ficar para sempre. Mas eu quero Justiça”, disse a mãe do jovem.

Imagens de câmeras de segurança mostram momento do assalto

O assalto
O adolescente de 15 anos morreu após ser atingido por um tiro dado por policiais militares depois de um assalto a um posto de combustíveis. Segundo a Polícia Militar, Luis Felipe Ribeiro Guedes estava acompanhado de outros dois assaltantes, quando tentou roubar funcionários e clientes do estabelecimento na Avenida Princesa do Sul. Esta foi a terceira vez que o posto foi alvo de criminosos neste ano.

Durante o roubo, que durou cinco minutos, os clientes e funcionários foram obrigados a deitar no chão enquanto os criminosos pegavam os objetos deles. Eles chegaram, inclusive, a ameaçar as vítimas de morte. De acordo com os militares, houve perseguição e quando o jovem estava na Rua Machado, levantou a blusa para pegar um objeto que aparentava ser uma arma. No entanto, foi baleado nas costas e continuou a correr. O rapaz chegou a se socorrido,  mas não resistiu aos ferimentos e morreu pouco tempo depois.

Com os jovens a PM apreendeu dinheiro, celulares, uma bucha de maconha, uma faca utilizada no assalto e um objeto que parece o cabo de uma arma de fogo e que a vítima fatal carregava na cintura.