Furnas a 3,3 m do apagão

As oito turbinas hidrelétrica de Furnas , a mãe dos reservatórios de energia do Brasil, se alimenta de 11 usinas importantes do país até chegar a Itapu , na fronteira do território nacional com o Paraguai, estão permanecendo desligadas da meia-noite às 6 h.  Durante o dia, a usina está gerando energia, mas quantidade bem menor do que deveria. Ontem, o nível de água do reservatório, situado 200 metros acima do nível do mar, estava com 153,3 metros. Se baixar para 150 metros, a usina atingirá seu  “nível do morto” ou seja, deixará de operar. Clique em Leia Mais e confira a notícia completa

 

O volume de água é tão baixo que cemitério de velha São José da Barra, primeiro município inundado pelo lago da represa de Furnas, reapareceu. Em  Três Pontas, duas pontes que ligam o município às cidades de Paraguaçu e Elói Mendes, reapareceram e estão sendo usadas, inclusive por caminhões pesados, depois de 11 anos submersas.

A última vez que elas emergiram foi em 2001, ano do racionamento de energia no Brasil. As pontes ficaram debaixo d’água em 1962, quando o  lago de furnas foi formado.  Em Guapé, as ruínas da igreja da cidade velha que está no fundo da represa há 50 anos, também ressurgiram.

O turismo a pesca e a agricultura na região dos 34 municípios banhados pela represa de Furnas estão prejudicados e, segundo Associação dos Municípios  do Lago de Furnas (ALAGO), os prejuízos chegam a R$ 100,00 milhões. A perdas vão desde a queda na demanda de postos de gasolina, que esperam um movimento para este inicio de ano, até a redução de movimentos de supermercados, restaurantes, pousadas e hotéis  marinas. Sem contar os desfalques apurados na pecuária, na agricultura irrigada e na piscicultura. “ São 3,5 mil quilômetros de área alagada. A última vez que o nível da represa cai como agora foi em 2001”, diz o secretário executivo da Alago e presidente da Bacias Hidrográficas do Lado de Furnas, Fauto Costa.

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Há nove meses, Aluísio Vicente da Silva, investiu R$ 10 mil na montagem de um bar com quiosques às margens da represa na nova São José da Barra. Ele esperava obter o retorno do seu investimento em seis meses, mas não foi isso que ocorreu. Com a seca, à agua que fica a 150 metros do estabelecimento dele, virou barro e ninguém pode mais nadar. “ Agora, nem sei  quando vou conseguir recuperar o dinheiro que investi. Antes de água secar, a gente recebia cerca de 70 pessoas nos fins de semana. Agora n, não parecem nem 30”, sustenta diante de um cenário desolador.

Sem Vizinhos, o padre Eduardo Pádua de Carvalho é pároco em Passos, município vizinho em  Passos, município vizinho e São José da Barra. Ele tem um rancho às margens do lago, onde passa férias todos os anos. Ao todo, o pároco tem oito vizinhos. Neste janeiro, no entanto, a única casa aberta é a dele.. “ Quem veio passar o fim do ano se assustou porque a represa ficou longe do rancho e não dava para puxar água. Cisternas de 22 metros secaram. Quem aparece está indo buscar água na minha casa, a única onde tem água”., afirma.

Padre Eduardo aproveitou que a represa esta baixa levar amigos para visitar o cemitério da velha São José da Barra, que emergiu das águas. Um a um, os visitantes vão levando as pedras di antigo mortuário. De acordo com Aluiso Vicente, é o que vem acontecendo com maioria das pessoas que vai conhecer o local. Só no grupo de Padre Eduardo foram duas  pedras grandes. “Estamos como levando como lembranças”, explicou.

O prefeito de Três Pontas, Paulo Luiz Rabelo, diz que o próximo às pontes  que reapareceram no meio da várzea  em que se transformou a represa há pousadas e restaurantes que estão secos. Antônio Sergio Araújo, supervisor de operações de Furnas explica que a usina cumpre um papel regulador de vazão da água para alimentação da região e de outras usinas. “ Estamos gastando nossa caixa-d’água. Afora era o período de encher”, afirma.

Reportagem: Zulmira Furbino/Jornal Estado de Minas

Publicada em:  10/01/20132



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